A face do Bravo - Paramount Theater leva para a tela raro e inédito filme de Johnny Depp,"The Brave" -
LOUIS FOWLER | 14 DE ABRIL DE 2015
Categoria: Filme de Rusty
Vaiado em Cannes. Difamado pela imprensa do entretenimento. Nunca sequer lançado na América.
A estreia na direção de Johnny Depp, O Bravo (1997), é um dos mais incompreendidos filmes perdidos dos últimos 20 anos, tão comovente emocionalmente quanto fisicamente confuso, tão encharcado de beleza quanto seco de miséria e tão carregado espiritualmente quanto comoventemente sem esperança.
Após uma primeira vista, é fácil de ver porque ele deixou o público desconfortável. E, provavelmente, ainda vai continuar deixando.
Nunca exibido nos cinemas ou lançado nas locadoras dos EUA, o OKC Film Club apresentará uma rara (senão única) exibição do filme como parte da sua série mensal de filmes em 15 de Abril às 19h no The Paramount OKC, 701 W. Sheridan Ave on Film Row. A entrada é gratuita para o público.
Amplamente esquecido hoje, esse neo-western*, se é que pode ser chamado dessa forma, Depp estrela o filme como Rafael, um nativo americano desempregado que, depois de recentemente ter sido libertado da cadeia percebe que nada que ele fizer em sua vida nunca vai tirar sua família da pobreza. Isso só é reforçado quando a favela onde eles vivem, no lixão da cidade, onde eles se alimentam regularmente, está prestes a ser demolida pela lei, deixando-os completamente desamparados.
Mas, na morte, no entanto...
No fim de sua esperança, é oferecida a ele uma quantia considerável de dinheiro para atuar em um snuff film**, onde ele seria torturado e morto durante a gravação para o deleite dos voyeurs sem nome, sem face. Tendo sido dado a ele poucos dias para colocar suas coisas em ordem, Rafael passa pela completa gama das ideologias Kubler-Ross***, diretamente do esmagamento de sua alma para a aceitação de seu destino final.
Em sua estreia como diretor, Depp não é tímido ao deixar suas influências praticamente escorrerem por seus ombros sob o sol escaldante do deserto: o discriminado Oeste de Peckinpah, os personagens fora de tempo de Jamusch, a pobreza de Dust Bowl e a berrante vertigem de Fellini, mas ainda se unindo para formar uma assustadoramente singular voz que, infelizmente, nunca realmente teve a chance de se manifestar novamente.
Além de um desempenho tranquilamente encorajador de Depp, Marlon Brando oferece um doloroso monólogo – provavelmente improvisado – conforme segue o filme. Sim, é um personagem baseado nas peculiaridades de Brando, mas, ao menos elas são peculiaridades ousadas e, como de costume, fascinantes de assistir. Uma nota especial também deve ser dada a Elpidia Carrillo como esposa sofredora de Rafael, religiosamente vinculada a um homem que nada tem, mas emocionalmente drena-a com cada palavra e ação que faz.
Com quase 20 anos de retrospectiva por trás dele, O Bravo é um tardio, lamentável trabalho de uma honestidade brutal e alma ensanguentada – uma qualidade rara na maioria dos filmes americanos tanto quanto nós dizemos a nós mesmos o contrário – que tem o poder de dividir públicos hoje tanto quanto ele fez, mesmo que seja em uma pequena sala de exibição, que comporta cerca de 50 pessoas.
Como o guerreiro do título, O Bravo é um filme que merece uma ressurreição e enterro próprios, não apenas no cinema, mas na consciência pública, a morte cinematográfica não orgulha. Especialmente quando ela é completamente não merecida.